segunda-feira, junho 30, 2014

Meu Cristo, poema de João Dias de Araújo


Rev. João Dias de Araújo (1930 - 2014)
Meu Cristo

Meu Cristo é um Cristo vivo,
Que passa levantando o pó vermelho
Nas galiléias do meu coração.
O Jesus que caminha nos meus mares,
Nas praias tropicais dos meus pesares,
Nas montanhas azuis da minha solidão.
Ele entra nos meus templos orgulhosos,
Empunhando o chicote de juiz,
Entra na minhas tempestades fortes,
Concedendo-me a santa diretriz.
Meu Cristo é um Cristo vivo,
Que passa levantando o pó cinzento
Pelas judéias do meu coração.
O Jesus que fustiga o meu pecado,
Que lança o meu orgulho tresloucado,
Ao cilício da minha humilhação.
Ele não é o Cristo das paredes,
Pendurado em palácios ou bordéis.
Nem o Cristo incapaz dos crucifixos
Pendido no pescoço de infiéis.
Pois o meu Cristo é o meu maior amigo.
Meu Cristo é um Cristo que se agita
Dentro da divindade infinita
Dentro da humanidade tão precita.
Bem junto ao lago azul do meu pensar
Ele prega agitando as ondas mortas.
Bem junto à noite escura do pecar
Ele me abriu as reluzentes portas.
Pois Ele anda no meu caminho estreito
Sobe o monte infernal da minha dor.
Morre na cruz feral da minha culpa,
Desce ao túmulo vil do meu negror.
Depois de ergue na aurora dos meus sonhos.
E se embuça nos céus do meu amor.
Meu Cristo é um Cristo vivo.
Que passa levantando o pó imundo
Nos continentes do meu coração.
Mas um dia Ele passará sorrindo
Pelo meu céu inteiramente lindo.
Passará levantando o pó dourado
Pelo estelar caminho conquistado,
Na cruz, de infâmias e de glórias!


Que estou fazendo?

Hino 449 do HPD

1. Que estou fazendo se sou cristão?
Se Cristo deu-me o seu perdão?
Há muitos pobres sem lar, sem pão,
há muitas vidas sem salvação.
Meu Cristo veio p'ra nos remir:
o homem todo, sem dividir,
não só a alma do mal salvar,
também o corpo ressuscitar.

2. Há muita fome no meu país,
há tanta gente que é infeliz,
há criancinhas que vão morrer,
há tantos velhos a padecer.
Milhões não sabem como escrever,
milhões de olhos não sabem ler.
Nas trevas vivem sem perceber
que são escravos de outro ser.

3. Aos poderosos eu vou pregar,
aos homens ricos vou proclamar
que a injustiça é contra Deus
e a vil miséria insulta os céus.
Meu Cristo veio p'ra nos remir:
o homem todo, sem dividir,
não só a alma do mal salvar,
também o corpo ressuscitar.


Um comentário:

Velho Pescador disse...

Poemas maravilhosos!
Grande abraço

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